terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Série de assassinatos assusta e une os mendigos

Moradores de rua formam grupos para evitar ataques após três mortes no último final de semana em Campinas

Moradores de rua estão formando grupos para se protegerem
(Foto: Janaína Maciel/AAN)
O assassinato de três moradores de rua na área central de Campinas no último final de semana espalhou pânico entre os centenas de mendigos que vivem na cidade.

Em alerta desde que os crimes foram cometidos, os moradores de rua estão se organizando em grupos para montar vigílias durante a madrugada, com objetivo de se defender de um possível novo ataque. Para isso, estão se revezando até para dormir. Um membro de cada grupo fica de prontidão para acordar os demais em caso de movimentação estranha.

O suposto assassino em série foi apelidado pelos próprios moradores de rua de “matador da marreta”. Para a polícia, ele estaria agindo sozinho na região durante a madrugada e escolheria a vítima pela idade: dentre os mortos, todos eram homens acima de 50 anos.

O ataque é feito com golpes na cabeça usando um objeto de madeira que lembra uma marreta. As duas últimas mortes foram registradas no entorno da Praça Felipe Selhi, ao lado do terminal central. A outra ocorreu na Avenida Moraes Salles. Uma quarta vítima, que está internada no hospital Mário Gatti, foi atacada na quarta-feira (30) passada na Rua Regente Feijó. Todos tiveram afundamento de crânio.

Homem encontrado morto próximo do Viaduto Cury no último domingo
(Foto: Janaína Maciel/03dez2011/AAN)
A Polícia Civil, que investiga os assassinatos, acredita que os crimes estejam relacionados e passou a tarde desta segunda-feira (5) em busca de suspeitos. Três homens foram encaminhados para a Delegacia de Investigações Gerais (DIG), mas acabaram liberados.

A suspeita é de que o “matador da marreta” possa ser um morador de rua. A polícia está com imagens de câmeras de vigilância de estabelecimentos comerciais do entorno de onde os crimes ocorreram para analisar. Ainda no domingo (4), a polícia chegou a um prender um suspeito no Terminal Central. A camiseta do suspeito foi apreendida para exames, mas ele foi liberado.

O medo de se tornar a próxima vítima fez com que muitos sem-teto que costumavam ficar sozinhos durante a noite, passassem a buscar ajuda de outros companheiros e até mudarem o local de descanso. Desconfiados de tudo, eles dizem temer a noite e o cobertor passou a ser dispensado.

Um mendigo identificado apenas como Paulo afirmou que chamou um idoso que costumava ficar sozinho para se juntar a seu grupo. “Ele é velho e bêbado, se não ficar com a gente pode morrer”, contou.

Luciana Felix DA AGÊNCIA ANHANGUERA

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