Haverá redução gradativa no subsídio pago às empresas
do transporte.
Atualmente, valor da passagem cobrado no município é de R$ 3.
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Tarifa de ônibus vai subir para R$ 3,30 a partir
de
agosto em Campinas (Foto: Reprodução / EPTV) |
O valor
da tarifa de ônibus em Campinas (SP)
subirá de R$ 3 para R$ 3,30 a partir de 1º de agosto. O anúncio foi feito
pela Secretaria de Transportes nesta segunda-feira (28) junto com um pacote de
mudanças significativas, que inclui redução do subsídio pago às empresas, fim
da circulação de dinheiro nos ônibus e extinção da função de cobrador. O
secretário, Carlos José Barreiro, informou, ainda, que vai apresentar um
projeto de lei à Câmara de Vereadores para oferecer desconto de 50% no preço do
ônibus para universitários.
A
justificativa da administração pública para o reajuste de 10% na tarifa é o
aumento nos custos do serviço, tanto em relação a combustíveis, como mão de
obra, impostos e também os investimentos. O repasse da Prefeitura para as
empresas foi, no primeiro semestre deste ano, de R$ 43,1 milhões e, segundo
Barreiro, este valor será reduzido gradativamente para R$ 25 milhões neste
segundo semestre. Para compensar os gastos das empresas, então, o município
optou por repassar para os usuários a correção da inflação.
"Nós
estamos há dois anos e meio praticamente com o mesmo preço e, nesse período,
todos os indicadores inflacionários de custo do sistema tiveram aumentos em
torno de 18% a 20%. Não tem almoço grátis, alguém tem que pagar a conta. Então
não dá para ficar indefinidamente aumentando o subsídio sem ter impacto pelo
próprio usuário ", disse durante anúncio das mudanças na sede da Empresa
de Desenvolvimento de Campinas (Emdec).
Troca de
estratégia
Assim como em várias cidades brasileiras, o transporte público foi tema de
manifestações em Campinas no ano passado. Depois que os protestos começaram a
surgir na capital paulista, o prefeito Jonas Donizette (PSB) diminuiu duas
vezes o valor da tarifa na cidade - inicialmente de R$ 3,30 para R$ 3,20 e, na
véspera do maior protesto no município, 19 de junho, o chefe do Executivo
aumentou o valor do subsídio e reduziu mais R$ 0,20 no preço da passagem, para
beneficiar os passageiros. Essa será a primeira alteração desde então e, desta
vez, com o movimento contrário ao ocorrido à época, já que o município preferiu
aliviar o montante empregado pela própria Prefeitura no setor e aumentar o
valor final que chega ao usuário.
"A
hora que nós fazemos isso [de reduzir o repasse às empresas], eu
estou dizendo para o prefeito que o transporte vai tirar menos dinheiro do
cofre público agora. Então, é evidente que vai sobrar mais recursos para outras
áreas vitais da Prefeitura", justificou o presidente da Emdec.
Com o
reajuste, o Passe Escolar passa de R$ 1,20 para R$ 1,32 e o chamada Linhão da
Saúde (linha 5.02) mudará de R$ 2,00 para R$ 2,20 no pagamento com Bilhete
Único e de R$ 3 para R$ 3,30 no pagamento em dinheiro. O Passe Escolar para
esta linha sobe de R$ 0,80 para R$ 0,88. Os usuários que comprarem a passagem
até as 23h59 de quinta-feira ainda pagam os valores anteriores ao aumento.
Fim do
dinheiro nos ônibus
Além da mudança na tarifa, a Emdec anunciou que, a partir de 1º de outubro, vai
retirar as cédulas e moedas de circulação no transporte público local. O
secretário explicou que a decisão visa reduzir a incidência de assaltos nos
coletivos e, para isso, serão feitas parcerias com comércios e unidades de
serviço público, como rodoviária e aeroporto, para que eles comercializem os
cartões de viagem individuais.
Serão
duas opções de passe: um cartão para apenas uma viagem e outro para duas
viagens com possibilidade de recarga. O usuário pagará, além dos R$ 3,30 da
tarifa, um valor de R$ 2 pelo custo do cartão magnético. Esta cobrança do
cartão poderá ser reembolsada em postos da Emdec, a partir da devolução do
tíquete.
Na
prática, então, um usuário que não tenha o Bilhete Único e queira usar o
serviço de transporte para uma única viagem terá que pagar R$ 5,30 (R$3,30 da
tarifa + R$ 2 do cartão magnético). Neste caso, o cartão não poderá ser
recarregado mais de uma vez e haverá o reembolso dos R$ 2 mediante devolução do
cartão Para fazer duas viagens, o usuário paga R$ 8,60 (R$ 6,60 por viagem + R$
2 do cartão), podendo escolher permanecer com o tíquete para fazer outras
recargas de até duas viagens, ou devolvê-lo e também ser reembolsado.
O
secretário informou que atualmente 19% dos usuários do transporte público de
Campinas pagam o serviço em dinheiro ou moeda. A intenção, com a mudança, é
reduzir o percentual, mas de acordo com ele, em casos extremos o dinheiro ainda
será aceito.
Fim dos
cobradores
Com o fim do dinheiro nos ônibus, a função de cobrador será extinta, segundo o
secretário de Transportes, o que afetará diretamente 1.350 profissionais que
exercem atualmente esta função. Barreiro afirmou que as empresas se
comprometeram a oferecer cursos de capacitação para todos eles e realocá-los em
outros ofícios para evitar a demissão.
Mudanças
no Bilhete Único
Para incentivar a população a utilizar o Bilhete Único, o município também
fará, a partir de 1º de outubro, duas mudanças no serviço. A primeira delas é o
que a Emdec chama de "Carregamento negativo", que permite que o
usuário do bilhete faça até duas viagens mesmo sem ter crédito no cartão. O
valor negativo será compensado quando for efetuada nova recarga.
A segunda
mudança é em relação à primeira carga no Bilhete Único. Atualmente, após
receber o cartão, o dono do documento deve obrigatoriamente colocar duas
passagens de crédito, ou seja, R$ 6,60 considerando a nova tarifa. A partir de
outubro, no entanto, a obrigatoriedade será de uma única viagem, ou seja, R$
3,30.
Desconto
para universitários
A Prefeitura também elaborou um projeto de lei que será apresentado à Câmara de
Vereadores no retorno do recesso dos parlamentares para estender o benefício do
desconto na tarifa de ônibus para estudantes universitários. Atualmente, apenas
alunos do ensino fundamental e médio têm desconto de 60% na passagem. A
proposta do município é oferecer aos estudantes de ensino superior uma redução
de 50%. Para isso, no entanto, o projeto precisa ser aprovado no Legislativo
que, atualmente, é composto em sua maioria por vereadores apoiadores do
prefeito Jonas Donizette (PSB).
"Esse é um benefício que está sendo
concedido pelo poder público municipal em função de uma conquista histórica dos
estudantes secundaristas. Eles têm feito há muito tempo, cerca de 20 anos, esta
reivindicação, e agora achamos que é o momento de fazer isso", disse
Barreiro.
Fonte: G1 Campinas e Região