Dois suspeitos de envolvimento na fraude em licitações de merenda
escolar em 22 cidades paulistas confirmaram à Polícia Civil e ao Ministério
Público que um contrato assinado entre a Prefeitura de Americana (SP) e a
Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), alvo da investigação, foi
fraudado.
As declarações constam nos depoimentos que Adriano Gilberto Mauro e
César Bertholino – ambos vendedores da Coaf – prestaram à polícia e à
Promotoria na terça-feira (19), quando foram presos junto de outros quatro
suspeitos em Bebedouro (SP). Os documentos foram obtidos pelo G1.
Procurada pelo reportagem, a assessoria da Prefeitura de Americana não
comentou o caso, alegando que o secretário de Negócios Jurídicos, Alex Niuri
Silveira Silva, se encontra fora do Paço Municipal.
O esquema começou a ser investigado há seis meses. Na
terça-feira, seis suspeitos foram presos: além de Mauro e
Bertholino, o presidente da Coaf, Carlos Alberto Santana da Silva, o
ex-presidente Cássio Chebabi, o diretor Carlos Luciano Lopes e o funcionário
Caio Pereira Chaves. Após um acordo de delação, todos foram soltos.
Segundo o Ministério Público, os suspeitos relataram um esquema envolvendo pagamento de
propina a funcionários públicos, deputados e intermediários para que licitações
destinadas à compra de merenda escolar fossem fraudadas em
benefício da Coaf, com sede em Bebedouro.
Fraude em Americana
Em depoimento, Mauro afirmou que soube da fraude envolvendo a Prefeitura
de Americana "por meio de comentários dentro da Coaf". O contrato
teria sido negociado por Chebabi e pelo vendedor Emerson Girardi para
fornecimento de arroz. Acontece que a Cooperativa não possuía cooperado
produtor desse tipo de grão.
"Tomou conhecimento, por meio de comentários dentro da Coaf, que
esta firmou contrato fraudado com a Prefeitura de Americana, porque a Coaf lhe
vendeu arroz pela quantia que acredita ser de R$ 27,00 o pacote de 5 quilos, o
que se agrava pelo fato da Coaf não possuir DAP de produtor de arroz",
consta na declaração.
Ainda segundo Mauro, o valor de venda teria sido superfaturado para o
pagamento de propina. A afirmação foi repetida por Bertholino, destacando que
chegou a acompanhar um vendedor da Cooperativa em visita a Americana, após a
Prefeitura da cidade suspender os pagamentos.
"A Prefeitura de Americana deixou de pagar a Coaf, ocasião em que o
declarante e Carlos Luciano, a pedido de Cássio Chebabi, dirigiram-se para lá;
Tomaram conhecimento então, de que os gêneros alimentícios que havia sido lá
entregues pela Coaf, o foram por valores muito superiores ao de mercado, tendo
como exemplo o arroz que foi vendido a quase R$ 20,00 o quilo, o mesmo se dando
com o hortifrutigranjeiros", disse Bertholino em depoimento.
Fonte: G1 Ribeirão e
Franca