sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Ribeirão Preto pagou 15 meses de aluguel por imóvel nunca usado

A Prefeitura de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) já pagou R$ 135 mil de aluguel por um imóvel na rua General Osório, no centro, anunciado para ser o novo camelódromo da cidade.

O valor corresponde aos 15 meses de locação do prédio, cujo aluguel é de R$ 9.000 mensais. As informações são de Doralice Gomes Menezes, filha e procuradora de uma das donas do prédio. "O aluguel começou a ser pago em agosto do ano passado." Desde então, o imóvel nunca foi utilizado pela prefeitura, apesar dos pagamentos.

Consultas no site da prefeitura mostram que os donos do imóvel receberam pelo menos R$ 104.322. Já no "Diário Oficial" do Município, há pagamentos desde janeiro.

Segundo Doralice, sua família ficou três meses neste ano sem receber os aluguéis, mas já foram acertados.

A administração de Ribeirão vive uma crise financeira, e o deficit previsto para este ano é de R$ 114,5 milhões.

A prefeitura tem a intenção de levar o novo camelódromo a um prédio na rua Saldanha Marinho, onde funcionava uma loja da rede Ricardo Eletro.

Adair Porfírio, diretor da imobiliária Pirâmide Imóveis, confirmou que a prefeitura fez duas visitas no local, nos dias 10 e 16 de outubro, mas não foi fechado contrato porque a administração não enviou uma proposta oficial. "Durante as visitas, foi falado sobre a instalação de secretarias no prédio", afirmou.

Ele disse que chegou a ser questionado sobre a possibilidade do camelódromo, o que foi descartado. "Não há a menor possibilidade de alugarmos o imóvel para essa finalidade [camelódromo]", afirmou Porfírio. O aluguel do imóvel, segundo o diretor, é de R$ 50 mil mensais.
Edson Silva/Folhapress
Fachada do local que abrigaria novo camelódromo na rua General Osorio no centro de Ribeirão Preto (SP)
CAMELÔS RECLAMAM
"No final do ano nós vamos ficar aqui mesmo, no calçadão", disse Edilson Nascimento, da comissão que representa os camelôs. Ele afirma não acreditar na promessa feita pela prefeitura sobre a inauguração do novo camelódromo, marcado para o dia 1º de dezembro.

"O prédio [da General Osório] está do mesmo jeito e muitos aqui não têm dinheiro para investir em mercadorias porque já houve diversas apreensões."

Renata da Silva, que também integra a comissão, afirmou que, por três vezes, as bolsas que vende foram apreendidas. Na última vez, o prejuízo foi de R$ 3.000.

"Eles anunciam um prédio novo, mas até agora não deram apoio e continuam a levar o que a gente tem", disse. A categoria aponta que, além da mudança, a prefeitura deve realizar campanhas publicitárias para informar a população sobre o novo endereço dos camelôs.

Nascimento disse que a comissão pedirá uma reunião na semana que vem na Fiscalização-Geral da prefeitura, para cobrar respostas quanto ao novo camelódromo.

OUTRO LADO
A Folha procurou a assessoria de imprensa da Prefeitura de Ribeirão Preto na manhã de ontem para comentar o assunto, mas ninguém se manifestou.

O chefe do setor de comunicação social da administração, Eliezer Guedes, também foi procurado por telefone e e-mail, mas não respondeu. Além dele, o secretário da Casa Civil, Layr Luchesi Júnior, foi procurado por telefone na noite desta quinta-feira. Apesar disso, a Folha não conseguiu falar com ele.

No dia anterior, a assessoria de imprensa já havia sido procurada pela reportagem para se manifestar sobre a mudança de prédio do camelódromo, mas também não se manifestou.

As mesmas perguntas feitas na quarta-feira foram reencaminhadas ontem em três e-mails da assessoria, em nova solicitação, com acréscimo de questões referentes aos aluguéis já pagos e ao prazo para a inauguração do novo camelódromo.

GABRIELA YAMADA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE RIBEIRÃO PRETO

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