quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Polícia deve indiciar 11 sem-terra

O Globo
Germano Oliveira

SÃO PAULO. O delegado Jader Biazon, que investiga a depredação da fazenda Santo Henrique, da Cutrale, em Borebi, no interior de São Paulo, deve indiciar e pedir a prisão preventiva de 11 sem-terra suspeitos de terem praticado atos de vandalismo na propriedade. Entre eles estão Miguel Serpa, coordenador estadual do MST, e Paulo Albuquerque, coordenador de área do movimento na região de Lençóis Paulista, onde fica a fazenda.
A Cutrale estima os prejuízos em R$3 milhões. Peritos da polícia foram ao local e constataram que os sem-terra destruíram 15 mil pés de laranja em produção, roubaram peças dos motores de 28 tratores e levaram 12 mil litros de óleo diesel, além de grande quantidade de defensivos agrícolas.
- Os peritos ficaram estarrecidos com o que viram - disse ontem o escrivão Emerson, que auxilia o delegado Biazon na investigação.
O MST nega os crimes e diz que os sem-terra saíram escoltados por soldados da PM, levados em caminhões da Cutrale e não teriam como roubar os produtos sem serem vistos pela polícia.
O delegado passou o dia ontem na região da fazenda, tomando depoimentos de moradores e funcionários. A propriedade foi invadida em 28 de setembro por 250 famílias de militantes do MST, que ficaram no local até 7 de outubro.

Fazenda é alvo de disputa entre Cutrale e Incra
Segundo relato dos funcionários da Cutrale ao delegado, os sem-terra invadiram cinco casas na fazenda e roubaram eletrodomésticos, como fornos de microondas e liquidificadores.
O delegado só deve indiciar os sem-terra após ouvir todas as testemunhas do caso, o que deve demorar alguns dias. Depois disso, pedirá as prisões ao juiz Márcio Ramos dos Santos, da 2ª Vara de Lençóis Paulista.
A fazenda Santo Henrique tem 2,7 mil hectares e é alvo de disputa jurídica entre a Cutrale e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que argumenta se tratar de área da União. O MST afirma que fez a invasão para denunciar grilagem das terras públicas.
Sobre os atos de vandalismo apontados pela polícia, o MST afirmou ser "tudo mentira" . O movimento solicitou ontem que a Secretaria de Segurança e o Ministério Público formem uma comissão para apurar o que aconteceu na fazenda entre a saída dos militantes do MST e a chegada da imprensa para fotografar os danos à propriedade na tarde do último dia 7

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