sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Novo diretor da Abin diz que MST não é violento

O Globo
Bernardo Mello Franco

BRASÍLIA. O diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Wilson Trezza, afirmou ontem que o Movimento dos Sem Terra (MST) não pode ser classificado como violento e que a maior parte de seus militantes apoia a luta pacífica pela reforma agrária. Ele defendeu os sem-terra em sabatina na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, que aprovou sua efetivação no cargo por 14 votos a 1, com uma abstenção.
A indicação deve ser confirmada com folga em plenário na próxima semana.
Segundo Trezza, os sem-terra são alvo de críticas por culpa de ações isoladas: — O MST tem correntes bastante moderadas, que acreditam na negociação política. Talvez exista uma pequena parcela que acredita em ações mais violentas, mas não é a prática predominante no movimento.
A declaração foi feita após o senador Heráclito Fortes (DEMPI) perguntar se a Abin sabia previamente da destruição de pés de laranja numa fazenda em Borebi, no interior paulista. Trezza respondeu que não. Após a sabatina, disse achar que a ação não foi planejada: — Deve ter sido uma decisão tomada depois que já estavam na fazenda, e que deve ter fugido do controle da direção do movimento.
Com aprovação garantida, Trezza reclamou da falta de verbas, chamando o orçamento da agência de pífio, e disse que a Abin foi perseguida pela imprensa após colaborar com a Operação Satiagraha, da PF. Ele confirmou que a Abin cedeu 84 agentes para a investigação, mas disse que o número nunca passou de 12 ou 14 ao mesmo tempo: — A Abin passou pela sua maior prova em dez anos de existência. Foi alvo de críticas, de campanha na imprensa e esteve em crise com outros órgãos.
Vivenciamos situação altamente constrangedora, com duas atividades de busca e apreensão dentro da agência e outras duas na residência de servidores.
Trezza se apresentou como “homem de convicções religiosas”, citou trecho da Bíblia e reclamou de preconceito contra os agentes do órgão, que definiu como “pais de família, contribuintes e eleitores”. Ele protestou quando Heráclito, que semana passada adiou a sabatina com um pedido de vista, chamou os agentes de arapongas.
— Fico entristecido quando um profissional de inteligência é tratado como araponga.
Irritado, Heráclito voltou a se dizer vítima de espionagem ilegal da Abin e acusou o ex-diretor Paulo Lacerda de persegui-lo.
Após bater boca com o líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), Heráclito pediu cópias de eventuais relatórios da Abin sobre o episódio dos chamados aloprados, na campanha presidencial de 2006. O petista reagiu pedindo cópia de gravações em que Heráclito teria sido flagrado negociando com um assessor do banqueiro Daniel Dantas, o que o senador nega. Os dois requerimentos foram aprovados em votação simbólica

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