João Batista de Miranda cita novas repartições
para oncologia e traumas.
Unicamp acena que área de novo terreno pode facilitar expansão da saúde.
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O Hospital de Clínicas da Unicamp, em Campinas
(Foto: Caius Lucilius / HC da Unicamp) |
A expansão da
estrutura de saúde tem sido apontada como uma das principais demandas da
comunidade da Unicamp desde que a universidade decidiu comprar uma área com 1,4
milhão de metros quadrados, em Campinas (SP). O superintendente do Hospital de
Clínicas, João Batista de Miranda, defende a criação de duas unidades
especializadas no campus de Barão Geraldo, entre elas uma de oncologia e outra
de trauma/urgência e emergência, para suprir a demanda da região. Em meio à polêmica, o novo terreno foi
adquirido há cinco meses por R$ 157 milhões, mas a instituição prevê finalizar
só em 2015 o plano que irá nortear a ocupação dele.
De acordo com
Miranda, que assumiu o cargo em julho, atualmente o hospital é referência para
6 milhões de pessoas, mas possui número de leitos inferior ao considerado
ideal. "Nós temos 420 leitos ativos e precisaríamos, no mínimo, dobrar
esta quantidade. Um comparativo pode ser feito com a inauguração do hospital
pediátrico da USP Ribeirão, que é referência para quase 3 milhões e terá 1,1
mil leitos", explicou o professor. As construções de novos prédios, avalia
o ortopedista, são necessárias por falta de espaço no HC. Os leitos ativos
incluem as estruturas do pronto-socorro e também as unidades de terapia
intensiva (UTI) adulto, pediátrica e neonatal.
"Hoje, 90%
da estrutura física do HC está ocupada. Ainda temos a capacidade de abrir pelo
menos 20 leitos de internação e estamos negociando", afirmou o
superintendente. De acordo com a assessoria do hospital, a reabertura dos espaços fechados em 2006,
por causa de uma crise financeira, segue em negociação com o governo do estado
de São Paulo.
Em maio do ano
passado, quando o assunto foi noticiado pelo G1, a Secretaria
Estadual de Saúde alegou que o repasse para viabilizar as operações estava
"sob análise". Por telefone, a assessoria da pasta resumiu apenas que
a Unicamp também pode auxiliar no processo de reativação dos leitos, e que a
secretaria aguarda por um "aumento de teto financeiro, pelo governo
federal, para que o déficit do SUS seja regularizado".
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O superintendente do HC da Unicamp, João Batista
de Miranda (Foto: Caius Lucilius / HC da Unicamp) |
Referência
Sem detalhar se os novos hospitais poderiam ficar nesta nova área ou nas
proximidades do HC, para facilitar a logística, Miranda disse que um grupo da
universidade trabalha na elaboração do projeto para a unidade especializada em
oncologia, com previsão de 150 a 200 leitos. Segundo o superintendente, a
unidade médica recebe média de 80 novos casos da doença por mês e, no mesmo
período, realiza em torno de 1,5 mil consultas e 100 quimioterapias.
"O nosso
hospital tem um volume de atendimentos muito grande, está em terceiro lugar no
estado nesta especialidade", frisou ao mencionar que o mérito do plano tem
aval do Ministério da Sáude, que em 2011 se comprometeu a liberar recursos para
auxiliar o projeto. A assessoria da pasta admitiu a proposta, mas resumiu que
ainda não houve criação de convênio.
Sobre a nova
unidade que pode ser destinada aos casos de traumatologia, além de urgência e
emergência, João Miranda ponderou que a necessidade da construção é prioridade
e também está associada ao aumento no índice de envelhecimento da população
brasileira, que resulta em maior demanda para casos de doenças crônicas, e o
fato do HC abranger área de 100 municípios. Em 2013, o hospital que tem 3 mil
funcionários e orçamento de R$ 400 milhões contabilizou 101,5 mil atendimentos
de urgência e também realizou 289 transplantes.
O que diz a
comunidade
Um dos cinco estudantes que integram o Conselho Universitário (Consu), Ícaro
Turci considera que a ampliação do serviço de saúde deve ser valorizada no
plano diretor da Unicamp por beneficiar a população assistida, e também ao
gerar mais oportunidades de residência aos alunos. "É muito importante,
desde que seja voltado ao SUS e tenha somente funcionários concursados. Esta
semana houve uma conquista importante, que foi a redução de jornada",
avaliou Turci, que faz parte do Diretório Central dos Estudantes. Segundo o HC,
todos os anos média de 1 mil alunos de medicina, enfermagem, fonoaudiologia e
farmácia fazem treinamento e internato na unidade. Além disso, ao menos 500
pós-graduandos participam da rotina do hospital.
Um dos coordenadores
do Sindicato dos Trabalhadores (STU), João Raimundo de Souza avalia que o hospital
é a parte mais importante da Unicamp na relação com a comunidade externa, por
causa da referência. "Há uma demanda para expansão da saúde e os
funcionários obviamente são parte disso. É preciso que a discussão seja ampla e
feita de uma forma que mantenha a qualidade, incluindo investimentos para a
manutenção necessária do HC", ponderou.
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Mapa de área comprada pela Unicamp em março
deste ano (Foto: Reprodução / Unicamp) |
Plano Diretor
Em nota, a assessoria de imprensa da Unicamp informou que as prioridades para o
novo terreno serão identificadas a partir de proposições do Grupo
Interdisciplinar. "A área de contato do novo terreno a leste do campus
atual se relaciona justamente com o espaço onde está localizada hoje a área dos
hospitais, o que facilita a expansão da saúde nesse espaço". O grupo de 15
profissionais, entre docentes e funcionários, deve elaborar diretrizes
relacionadas, entre outros assuntos, ao uso do solo, construção de edificações
e preservação de patrimônios, manejo de áreas de proteção ambiental e
integração do campus ao município.
Polêmica
A compra da gleba foi motivo de polêmica
na comunidade acadêmica, mas ratificada pelo Consu, órgão máximo de
deliberação da Unicamp, em dezembro do ano passado. Funcionários e estudantes
chegaram a paralisar as atividades para protestar contra a transação pela falta
de projeto que justificasse o gasto milionário. O STU, à época, afirmou que “a
categoria votou contra ao considerar que não há justificativa plausível sobre o
investimento”.
Fonte: G1 Campinas e Região