segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Diretor do HC defende criação de 2 hospitais especializados na Unicamp

João Batista de Miranda cita novas repartições para oncologia e traumas.
Unicamp acena que área de novo terreno pode facilitar expansão da saúde.

O Hospital de Clínicas da Unicamp, em Campinas (Foto: Caius Lucilius / HC da Unicamp)
O Hospital de Clínicas da Unicamp, em Campinas
(Foto: Caius Lucilius / HC da Unicamp)
A expansão da estrutura de saúde tem sido apontada como uma das principais demandas da comunidade da Unicamp desde que a universidade decidiu comprar uma área com 1,4 milhão de metros quadrados, em Campinas (SP). O superintendente do Hospital de Clínicas, João Batista de Miranda, defende a criação de duas unidades especializadas no campus de Barão Geraldo, entre elas uma de oncologia e outra de trauma/urgência e emergência, para suprir a demanda da região. Em meio à polêmica, o novo terreno foi adquirido há cinco meses por R$ 157 milhões, mas a instituição prevê finalizar só em 2015 o plano que irá nortear a ocupação dele.

De acordo com Miranda, que assumiu o cargo em julho, atualmente o hospital é referência para 6 milhões de pessoas, mas possui número de leitos inferior ao considerado ideal. "Nós temos 420 leitos ativos e precisaríamos, no mínimo, dobrar esta quantidade. Um comparativo pode ser feito com a inauguração do hospital pediátrico da USP Ribeirão, que é referência para quase 3 milhões e terá 1,1 mil leitos", explicou o professor. As construções de novos prédios, avalia o ortopedista, são necessárias por falta de espaço no HC. Os leitos ativos incluem as estruturas do pronto-socorro e também as unidades de terapia intensiva (UTI) adulto, pediátrica e neonatal.

"Hoje, 90% da estrutura física do HC está ocupada. Ainda temos a capacidade de abrir pelo menos 20 leitos de internação e estamos negociando", afirmou o superintendente. De acordo com a assessoria do hospital, a reabertura dos espaços fechados em 2006, por causa de uma crise financeira, segue em negociação com o governo do estado de São Paulo.

Em maio do ano passado, quando o assunto foi noticiado pelo G1, a Secretaria Estadual de Saúde alegou que o repasse para viabilizar as operações estava "sob análise". Por telefone, a assessoria da pasta resumiu apenas que a Unicamp também pode auxiliar no processo de reativação dos leitos, e que a secretaria aguarda por um "aumento de teto financeiro, pelo governo federal, para que o déficit do SUS seja regularizado".

O superintendente do HC da Unicamp, João Batista de Miranda (Foto: Caius Lucilius / HC da Unicamp)
O superintendente do HC da Unicamp, João Batista
de Miranda (Foto: Caius Lucilius / HC da Unicamp)
Referência
Sem detalhar se os novos hospitais poderiam ficar nesta nova área ou nas proximidades do HC, para facilitar a logística, Miranda disse que um grupo da universidade trabalha na elaboração do projeto para a unidade especializada em oncologia, com previsão de 150 a 200 leitos. Segundo o superintendente, a unidade médica recebe média de 80 novos casos da doença por mês e, no mesmo período, realiza em torno de 1,5 mil consultas e 100 quimioterapias.

"O nosso hospital tem um volume de atendimentos muito grande, está em terceiro lugar no estado nesta especialidade", frisou ao mencionar que o mérito do plano tem aval do Ministério da Sáude, que em 2011 se comprometeu a liberar recursos para auxiliar o projeto. A assessoria da pasta admitiu a proposta, mas resumiu que ainda não houve criação de convênio.

Sobre a nova unidade que pode ser destinada aos casos de traumatologia, além de urgência e emergência, João Miranda ponderou que a necessidade da construção é prioridade e também está associada ao aumento no índice de envelhecimento da população brasileira, que resulta em maior demanda para casos de doenças crônicas, e o fato do HC abranger área de 100 municípios. Em 2013, o hospital que tem 3 mil funcionários e orçamento de R$ 400 milhões contabilizou 101,5 mil atendimentos de urgência e também realizou 289 transplantes.

O que diz a comunidade
Um dos cinco estudantes que integram o Conselho Universitário (Consu), Ícaro Turci considera que a ampliação do serviço de saúde deve ser valorizada no plano diretor da Unicamp por beneficiar a população assistida, e também ao gerar mais oportunidades de residência aos alunos. "É muito importante, desde que seja voltado ao SUS e tenha somente funcionários concursados. Esta semana houve uma conquista importante, que foi a redução de jornada", avaliou Turci, que faz parte do Diretório Central dos Estudantes. Segundo o HC, todos os anos média de 1 mil alunos de medicina, enfermagem, fonoaudiologia e farmácia fazem treinamento e internato na unidade. Além disso, ao menos 500 pós-graduandos participam da rotina do hospital.

Um dos coordenadores do Sindicato dos Trabalhadores (STU), João Raimundo de Souza avalia que o hospital é a parte mais importante da Unicamp na relação com a comunidade externa, por causa da referência. "Há uma demanda para expansão da saúde e os funcionários obviamente são parte disso. É preciso que a discussão seja ampla e feita de uma forma que mantenha a qualidade, incluindo investimentos para a manutenção necessária do HC", ponderou.

Mapa de área comprada pela Unicamp (Foto: Reprodução / Unicamp)
Mapa de área comprada pela Unicamp em março
deste ano  (Foto: Reprodução / Unicamp)
Plano Diretor
Em nota, a assessoria de imprensa da Unicamp informou que as prioridades para o novo terreno serão identificadas a partir de proposições do Grupo Interdisciplinar. "A área de contato do novo terreno a leste do campus atual se relaciona justamente com o espaço onde está localizada hoje a área dos hospitais, o que facilita a expansão da saúde nesse espaço". O grupo de 15 profissionais, entre docentes e funcionários, deve elaborar diretrizes relacionadas, entre outros assuntos, ao uso do solo, construção de edificações e preservação de patrimônios, manejo de áreas de proteção ambiental e integração do campus ao município.

Polêmica
A compra da gleba foi motivo de polêmica na comunidade acadêmica, mas ratificada pelo Consu, órgão máximo de deliberação da Unicamp, em dezembro do ano passado. Funcionários e estudantes chegaram a paralisar as atividades para protestar contra a transação pela falta de projeto que justificasse o gasto milionário. O STU, à época, afirmou que “a categoria votou contra ao considerar que não há justificativa plausível sobre o investimento”.


Fonte: G1 Campinas e Região

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