sexta-feira, 9 de março de 2012

Craqueiro migra para Campinas com repressão

Ocupação da GM na área do Viaduto Cury leva usuários para regiões da Catedral, Mercadão e rodoviária

O morador de rua e usuário de crack Alexandre Coimbra veio de São Paulo para Campinas há três meses após ações da PM
(Foto: Dominique Torquato/AAN )
A intensificação da Operação Presença, da Guarda Municipal, nos arredores do Terminal Central Miguel Vicente Cury, local conhecido como a cracolândia campineira, provocou uma espécie de migração de usuários de droga para outras regiões da cidade. Nos últimos dois meses, Campinas foi tomada por craqueiros migrantes vindo de São Paulo. Eles costumam se aglomerar na Praça Felipe Selhi, mas agora são vistos em maior número atrás da Catedral Metropolitana, no Centro, nas imediações da nova rodoviária e também na Avenida Francisco Elisário, no Bonfim.

O morador de rua e viciado em crack Alexandre Coimbra veio de São Paulo para Campinas há três meses. Fugiu da repressão da Polícia Militar (PM) na Capital, e agora está instalado atrás da Catedral. “Vim de São Paulo porque lá não estava fácil, a gente não tinha sossego”, contou. O rapaz diz que compra a droga com o dinheiro que levanta nos semáforos, mas nega que cometa pequenos delitos. “Se eu disser que não sou viciado estou mentindo, mas quero parar de usar.”

Coimbra conta que evitou ficar com os moradores de rua que se concentram na Praça Felipe Selhi. “Não gosto de ficar lá, tem muita confusão. Aqui fico sossegado. Durmo durante o dia porque à noite não dá para dormir.” Ele diz que fez amizade com outros moradores de rua e se organiza em turnos para conseguir dormir. “Nunca sabemos o que pode acontecer, então um ajuda o outro”, afirma. Ele diz que os policiais militares costumam ser mais educados na abordagem e revela que algumas vezes foi acordado com gás de pimenta por guardas municipais. “Eles (GM) são mais duros, as vezes nos tratam muito mal”, contou.

A presença de craqueiros vindos de São Paulo também está aumentando nos arredores do Mercado Municipal. Comerciantes instalados no local afirmam que nas últimas semanas o lugar começou a ser frequentado por “pessoas estranhas”. “Estou aqui todo dia e tenho visto muitas caras novas, alguns disseram que vieram de São Paulo”, afirmou um dos vigilantes do local.

O comerciante Roberto Germiniani está instalado há 35 anos no Mercadão e conta que o número de moradores de rua e pedintes cresceu nas últimas semanas. “Tenho reparado um movimento maior e estamos tentando revitalizar o entorno para melhorar a situação”, conta. 

Alívio 
Um comerciante que está instalado ao lado do terminal diz que a presença da GM traz mais segurança ao local, mas ressalta a necessidade de ações duradouras que impeçam que os usuários de drogas, traficantes e pequenos criminosos tomem conta do local. “É difícil trabalhar aqui, as pessoas não se sentem mais seguras para vir ao Centro da cidade, isso precisa mudar”, afirmou o empresário, que não quer ser identificado.

Secretário quer força-tarefa para ‘limpar’ ruas centrais
O secretário de Cooperação nos Assuntos de Segurança Pública de Campinas, Sinval Dorigon, informou que a Guarda Municipal irá acompanhar de perto a migração de usuários de crack que estão saindo das imediações do Viaduto Miguel Vicente Cury. “Hoje me reuni com o comando da Polícia Militar para que a gente possa acompanhar de perto, não vamos deixar que eles se instalem em outro lugar”, afirmou.

O secretário se reuniu ontem com o coronel da Polícia Militar, Walter Gomes Motta, para definir ações conjuntas a serem realizadas pelas duas corporações. Dorigon contou que a GM intensificou ainda mais a presença dos guardas naquela área e tem várias equipes ocupando as praças e fazendo patrulhamento com carros, bicicleta e com cães. “Nesse primeiro momento vamos ocupar os espaços, garantindo o afastamento do pessoal que está lá com drogas e depois vamos dar continuidade com força-tarefa para limpar a área central”, afirmou.

Ele conta que essa força-tarefa contará com a presença de representantes de várias secretarias para fiscalizar hotéis de curta permanência, entre outras atividades. Desde que a operação foi desencadeada, seis pessoas foram presas, sendo três por tráfico, uma por agressão e uma por furto de veículo.

Patrícia Azevedo - RAC

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