quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Fotógrafo do Grupo RAC é espancado ao flagrar irregularidade

Só este ano, é a terceira vez que profissionais do grupo são vítimas de violência - seguindo tendência nacional apontada pela Associação Nacional de Jornais (ANJ)

Edu Fortes, de 27 anos, levou chutes, ponta-pés, socos e, quando eu estava no chão, foi jogado em cima do arame farpado
(Foto: Elcio Alves/AAN)

O fotógrafo do Grupo RAC, Edu Fortes, de 27 anos, foi espancado na tarde desta terça-feira (13) no Km 11.8 da Rodovia José Roberto Magalhães Teixeira (SP-83), próximo à alça de acesso da Rodovia Anhanguera, no sentido interior, por fotografar dois indivíduos ateando fogo às margens da estrada. Só este ano, é a terceira vez que profissionais do grupo são vítimas de violência - seguindo tendência nacional apontada pela Associação Nacional de Jornais (ANJ). 

'Eles me agrediram com chutes, socos e, quando eu estava no chão, fui jogado em cima do arame farpado. Eles quebraram a câmera nas minhas costas', relatou. Além disso, 'ambos os homens tentaram me intimidar, dizendo que iriam chamar seguranças e a polícia'. Depois da agressão, 'eles correram e entraram dentro da propriedade de onde um deles havia surgido', completou Fortes. 

O fotógrafo registrou um boletim de ocorrência na delegacia de polícia de Valinhos e passará por exame de corpo de delito. Está machucado nas costas, nos braços e na cabeça e irá a um pronto-socorro tratar dos ferimentos. 

Policiais militares vasculharam o local, mas não encontraram, por ora, os suspeitos. A Polícia Civil dará continuidade às investigações. 

'Um dos homens, o mais agressivo, é alto, forte, tem cabelos escuros e estava com a barba por fazer', explicou. Já o outro, 'é menor, mais magro, e com os cabelos curtos'. 

Segundo informações da assessoria de imprensa da Rota das Bandeiras, a concessionária (que é responsável pela SP-83) irá verificar se há imagens das agressões - o que poderá ser solicitado judicialmente e facilitar o trabalho da polícia. 

Terceira vez em 2011 
Há menos de dois meses, em 23 de julho, o fotógrafo A.P., de 63 anos, e o motorista J.R.T., de 54, foram assaltados na Estrada do Ramalhete, mais conhecida como Estrada do Fogueteiro, próximo ao Aeroporto de Viracopos, enquanto A.P. fazia fotos para uma matéria sobre o habitual roubos de veículos que ocorre naquela área, utilizada como rota de desvio de pedágio entre Campinas, Indaiatuba e Vinhedo. 

O fotógrafo e o motorista foram abordados por dois rapazes, sendo um deles menor, que surgiram, ambos armados, de dentro de um matagal. O menor tomou a direção do carro da RAC e seguiu em direção a um sítio, onde largou os profissionais de imprensa - que, soltos, conseguiram voltar para estrada e pedir socorro. 

A Polícia Militar conseguiu localizar e capturar os bandidos, que foram levados para a 5ª Delegacia de Polícia (D.P.) de Campinas. O carro foi localizado no sítio, onde a polícia descobriu um desmanche de automóveis. Já os equipamentos de fotografia e os documentos das vítimas foram encontrados em uma construção no bairro Novo Itaguaçu. Para o resgate, a polícia deslocou três viaturas. 

O outro caso, de violência em forma de censura, aconteceu depois que o Correio Popular notíciou, em 21 de fevereiro, que policiais de Campinas impediam a imprensa de consultar os B.O.s nas delegacias de polícia da cidade. Os policiais obedeciam a ordem dada pelo delegado corregedor da Polícia Civil, Roveraldo Battaglini - cuja esposa havia ido parar nas manchetes dos jornais devido a um suposto desvio de medicamentos em um hospital público. 

Depois de O Correio ter denunciado o caso à Associação Nacional de Jornais (ANJ) e da entidade ter se manifestado em favor da liberdade de expresão, os boletins de ocorrência voltaram a ser liberados para todos jornalistas de Campinas. 

Tendência Nacional 
O Relatório Anual sobre Liberdade de Imprensa, divulgado há menos de um mês (em 23 de agosto) em Brasília pela Associação Nacional de Jornais (ANJ) aponta o recrudescimento da violência contra os profissionais no período de agosto de 2010 a julho de 2011. 

Segundo o relatório, divulgado na assembleia geral da entidade, presidida pelo diretor-presidente do Grupo RAC, Sylvino de Godoy Neto, foram 12 censuras, sete prisões, cinco assassinatos, três abusos, dois atentados e uma ameaça. Em relação às mortes, especificamente, foram quatro a mais que o registrado no relatório anterior, cujo período foi maior (de agosto de 2008 a julho de 2010). 

No parecer há ainda uma manifestação proferida pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que em um comício em 18 de setembro do ano passado, em Campinas, disse: 'Vamos derrotar alguns jornais e revistas que se comportam como partido político' . 

A ANJ lamentou tais declarações, afirmando, em nota, que elas manifestaram o 'desconhecimento do papel da imprensa na sociedade', por parte de Lula - esclarecendo-o de que 'o papel da imprensa é o de levar à sociedade toda informação, opinião e crítica que contribua para as opções informadas dos cidadãos, mesmo aquelas que desagradem os governantes.'

RAC

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