quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Em Campinas, camelôs fazem vigília à espera da PM

Gaeco nega mais prazo para desocupação do camelódromo; ambulantes anunciam resistência

Camelôs se mobilizam em frente a bancas fechadas ontem pela manhã, último dia do prazo dado pelo MP para desocupação de área próxima ao terminal central
(Foto: Leandro Ferreira/AAN)
Apesar de a Prefeitura de Campinas ter pedido mais 90 dias para solucionar o problema dos camelôs em Campinas, os promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) reafirmaram ontem (14) que não farão qualquer alteração no prazo dado para os informais desocuparem o camelódromo, no Centro. Nos próximos dias — não foi informada uma data específica —, policiais farão a apreensão de mercadorias e a desocupação da área, no Centro da cidade. 

Os vendedores das bancas prometeram passar a noite em vigília e o clima de confronto começa a tomar forma na área do Terminal Central. Os informais prometeram defender o local de trabalho e, se preciso, afirmaram que vão entrar em confronto com a Polícia Militar (PM). 

Todas as bancas amanheceram fechadas ontem, último dia do prazo de 15 dias dado pelo Ministério Público (MP) para que os informais deixassem a região. A reação dos comerciantes foi uma forma de protesto contra a pressão da Promotoria para uma posição definitiva da Administração municipal e do sindicato quanto ao impasse que se arrasta há décadas. Os camelôs prometeram que permaneceriam no local até que uma “resposta positiva” fosse levada a eles pelos advogados dos sindicatos. 

Segundo Miguel Valente Neto, presidente da Serviços Técnicos Gerais (Setec), órgão responsável pela fiscalização do uso do solo, esse novo prazo de 90 dias para regularização dos camelôs foi solicitado à Promotoria para se tomar um “solução global” para o assunto. “Será criada uma força-tarefa entre várias secretarias para resolver isso definitivamente. Isso acontece pois há lacunas na lei e é preciso trabalhar em conjunto. Se for preciso decreto, vamos entrar com projeto de lei para ser aprovado na Câmara Municipal”, afirmou. Participariam do esforço conjunto, além da Setec e o Gabinete do prefeito, as secretarias de Urbanismo, Assuntos Jurídicos, Trabalho e Renda e Cooperação nos Assuntos de Segurança Pública. 

O documento que foi entregue aos promotores do Gaeco e ao promotor de Urbanismo, Valcir Kobori, continha sete laudas com os esclarecimentos solicitados à Administração sobre a situação e as soluções para o camelódromo. “Pedimos que fosse ponderado que tipos de ação seriam tomadas, pois é algo que pode criar um problema. Esse assunto deve ser tratado da forma mais adequada”, disse Valente Neto. 

Manifestações 
Logo cedo, os informais já estavam posicionados em frente a suas barracas. Por volta das 10h30, mais de 300 manifestantes começaram a se unir no início da Rua Álvares Machado, sob o Viaduto Miguel Vicente Curyl. No trecho que se inicia após a Avenida Campos Salles, um outro grupo de vendedores, também com as bancas fechadas, batia com pedaços de pau e barras de aço nas portas das lojas e gritava palavras de ordem contra a polícia. 

Viaturas da Guarda Municipal (GM) e da PM acompanhavam a movimentação para garantir a segurança de pedestres, evitar tumultos e quebra-quebra. Muitos dos camelôs não sabiam se iriam abrir as portas ontem e poucos sabiam se realmente as bancas seriam fechadas definitivamente por determinação do Gaeco. “Nós fizemos tudo o que nos pediram e agora querem nos tirar por quê? Vamos lutar para continuar aqui”, disse ao microfone um dos membros do Sindicato do Comércio Informal aos vendedores que estavam reunidos por volta das 11h15 sob o Viaduto Cury. 

Munidos de faixas e carro de som, os manifestantes fizeram uma passeata que seguiu pela Rua Álvares Machado até alcançar a Avenida Senador Saraiva, por onde caminharam até o Terminal Central, onde permanecem acampados. 

“O objetivo é lutar por nosso local de trabalho. Estamos aguardando nossos advogados trazerem notícias positivas. Vamos permanecer aqui para impedir a entrada da polícia e, se for preciso, vamos entrar em confronto sim. Estamos aqui para isso e até que haja uma resposta positiva vamos dormir, acordar e tomar banho aqui”, afirmou o diretor do Sindicato dos Empreendedores Individuais de Campinas e Região, Josenilson Fernandes Teotônio. 

“Tudo o que o MP pediu nós fizemos. Nos registramos, nos tornamos microempreendedores e tiramos todos os CDs, DVDs piratas e cigarros. Quase 100% dos comerciantes já emitem nota. Não sabemos mais o que o MP quer”, disse Teotônio.

Natan Dias RAC 

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