terça-feira, 9 de agosto de 2011

Valinhos faz alerta após 5 mortes por febre maculosa

Somente entre os meses de junho e julho foram quatro vítimas. A última foi um pedreiro de 70 anos que contraiu a doença em uma obra no bairro Capuava
Capivara é o principal hospedeiro do carrapato que transmite a doença
(Foto: Cedoc/RAC)



Enfermidade é causada por uma bactéria presente no carrapato-estrela
(Foto: Reprodução)




Cinco pessoas já morreram de febre maculosa este ano em Valinhos. Somente entre os meses de junho e julho foram quatro vítimas. A última foi um pedreiro de 70 anos que contraiu a doença em uma obra no bairro Capuava. No ano passado inteiro, apenas dois casos da doença foram registrados no município - com uma única morte. Nos sete primeiros meses de 2011, além das cinco mortes já foram feitas outras 34 notificações que aguardam resultado de exame. 

A diretora do Departamento de Saúde Coletiva da Prefeitura, Carina Dias, afirmou que a situação é 'alarmante'. Por isso, a administração municipal começou a fazer campanhas de conscientização para tentar reverter o quadro. 

A febre maculosa é causada por uma bactéria presente no carrapato-estrela. Seu principal hospedeiro é a capivara. Desde o início do ano, Valinhos sofre com um grande número de capivaras soltas, especialmente no entorno do Ribeirão Pinheiro e do Córrego Bom Jardim, dois dos cursos d'água que cortam o município. 

A Prefeitura informou que está em negociação com a Superintendência no Controle de Endemias (Sucem) e com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para conseguir uma saída para o controle da proliferação dos animais. As áreas em que as capivaras vivem são locais abertos e de mata. 'Não tem como cuidar do local, jogar veneno, por exemplo. São áreas de mata e as pessoas deveriam evitar essas regiões' , explicou Carina. 

Ela afirmou que, dos cinco casos de morte, apenas um não foi contraído em área rural. 'Foi o caso de um tosador de um pet shop. Ele deve ter pegado o carrapato no local em que trabalhava. Nos demais casos, as pessoas andavam a cavalo, tiravam areia da beira do rio. Quer dizer, tiveram contato direto com áreas de risco' . 

Para alertar a população do risco de contrair a doença, a Prefeitura instalou placas de aviso da presença de carrapatos às margens dos rios e dos córregos da cidade. Trinta agentes sanitários estão percorrendo regiões onde há suspeitas de contágio do carrapato. 
Segundo a Prefeitura, as ações estão ocorrendo em bairros como Bom Retiro, Frutal, Parque das Colinas e Capuava, onde há rios e lagoas. Os agentes, além de alertar sobre os riscos da febre maculosa, explicam os sintomas da doença. Em duas semanas foram distribuídos oito mil folhetos informativos. Outros 10 mil serão entregues esta semana. 

A mulher da última vítima é a dona de casa Ângela Zanluchi, de 67 anos. Ela afirma que o marido, Valdir Barbizam, de 70 anos, morreu em dois dias depois do diagnóstico. 'Ele teve febre alta, levamos ao hospital e de lá não saiu mais vivo. O mais triste é que ele nunca ficava doente' , afirmou. 

Ângela contou que dias antes de morrer o marido disse ter visto os animais comendo perto de um córrego ao lado do local em que trabalhava. 'O número de capivaras aumentou na cidade. Já liguei para o Ibama, Prefeitura e ninguém faz nada. Estão esperando mais gente morrer para algo ser feito' . 

Carina acredita que a população precisa tomar consciência da doença. 'Valinhos ainda guarda características de cidade rural. As pessoas não acreditam que um carrapato minúsculo pode matar' , afirmou.

Luciana Felix Agência Anhangüera de Notícias

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