terça-feira, 9 de agosto de 2011

Esgoto vaza de estação e atinge córrego em Paulínia

Entidade diz que problema é recorrente; Secretaria de Meio Ambiente apura transbordamentos

No total, 36 nascentes formam o córrego Santa Terezinha
(Foto: Rogério Capela/AAN)
A Estação Elevatória de Esgoto (EEE) sanitário de Paulínia transbordou na manhã desta segunda-feira (08) e atingiu o córrego Santa Terezinha, no Parque da Figueira. De acordo com a Associação Paulinense de Proteção Ambiental (Aspapa), 36 nascentes formam o córrego, afluente do Ribeirão Quilombo, que deságua no Rio Piracicaba, manancial de abastecimento público. 

De acordo com o presidente da Aspapa, Henrique Padovani, o transbordo da estação é comum e o lançamento de esgoto in natura no local já foi denunciado à Polícia Civil. Além do córrego, Padovani detectou a presença de esgoto em uma lagoa existente no bairro, localizada a menos de dez metros da estação. 

A EEE é um conjunto de equipamentos, em geral dentro de uma edificação subterrânea destinada a promover o recalque das vazões dos esgotos coletados a montante. A Secretaria do Meio Ambiente da cidade já chegou a instaurar procedimentos para apurar eventuais danos ambientais “decorrentes do funcionamento precário da estação elevatória de esgotos, em virtude de inúmeros transbordos de esgoto doméstico in natura e despejo no córrego.” 

A presidente da associação do bairro, Rosângela Silvestre Pereira, de 44 anos, disse que a EEE está instalada em uma Área de Preservação Permanente (APP), o que agravaria a situação. “A estação já foi palco de diversas discussões, porque tudo nela está errado. É um descaso com população, afinal, isso está instalado no meio de um bairro residencial. O poder público tinha que achar uma forma urgente de levar isso para outra parte que não afetasse as pessoas e o meio ambiente.” 

Para Rosângela, mesmo que a EEE continue no local, os inúmeros transbordamentos provam que algo precisa ser feito. “A cidade mudou. Com o crescente número de condomínios, a verticalização da cidade, o aumento da população, tudo isso vai agravar o problema, com mais chances de transbordamentos. Quem sofre somos nós.” 

O técnico em eletrônica e ator José Carlos Andrade, de 58 anos, tem uma propriedade próxima ao local há 28 anos. Ele conta que é comum a estação transbordar e que os moradores já cansaram de reclamar. “E ninguém faz nada. Fica horas vazando, indo para o córrego. Aquele cheiro horrível que quase não dá para aguentar. Isso sem contar o fato de poluir os mananciais. Não tem mais vida aquática na região.” 

O presidente da Aspapa disse que a estação recebe todo o lixo hospitalar da cidade, das clínicas dos bairros da região e do Parque Brasil 500. “Essa estação está irregular. O problema é mais grave do que as pessoas pensam. Não são apenas resíduos comuns. A região está toda contaminada e os trabalhos continuam normalmente.” 

Sabesp
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), responsável pelos serviços de abastecimento e esgotos sanitários da cidade, lamentou o ocorrido, mas informou que houve o rompimento de um cabo de energia elétrica de responsabilidade da CPFL Energia. Com a interrupção da energia, a bomba da estação do Parque da Figueira que envia o esgoto para tratamento parou de funcionar, conforme a empresa. A Sabesp ainda informou que está executando a obra de ampliação da estação e modernização dos equipamentos com a instalação de geradores, com prazo de finalização para novembro de 2011. 

A CPFL informou que o rompimento de um cabo elétrico na entrada da ligação da estação provocou interrupção no fornecimento de energia no local por 40 minutos.

Fábio Trindade Grupo Rac 

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