quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Líder sem-teto ameaça equipe de repórteres do Grupo RAC

Páginas do bloco de anotações sobre o que foi apurado foram arrancadas e a líder do movimento rasgou e determinou que colocassem fogo

A equipe de reportagem do Grupo RAC foi ameaçada e hostilizada na tarde desta segunda-feira (01) pela liderança do grupo de invasores retirados no último dia 26 de julho do assentamento na Fazenda São Martinho de Itaguassu, localizado às margens da Rodovia Vinhedo-Viracopos, na região do Campo Belo, enquanto realizava a cobertura das condições precárias em que vivem os integrantes do movimento. Pela quarta vez os profissionais do Grupo RAC foram ameaçados por representantes do movimento. 

Após a operação de reintegração de posse da área do acampamento, na Fazenda Itaguassu, na última terça-feira, parte dos integrantes invadiu cerca de 20 casas vazias da Companhia de Habitação Popular de Campinas (Cohab), no Jardim Marisa, e um galpão da empresa construtora dos imóveis usado para guardar ferramentas. O pequeno galpão feito de madeira abriga pelo menos 14 famílias e mais de 40 pessoas, entre crianças, grávidas e idosos. O espaço foi dividido em cubículos de aproximadamente quatro metros quadrados e conta com apenas dois banheiros. 

Ao entrar em contato com um dos líderes do movimento, Antônio José Félix, a reportagem foi convidada a ir ao local para conhecer as condições precárias nas quais se encontram os assentados. A equipe esteve na invasão por volta das 13h e verificou a situação dos ocupantes. Algumas das famílias perderam parte do pouco que possuíam e sobrevivem atualmente com doações de roupas e alimentos feitas por moradores de bairros vizinhos. 

Enquanto era bem recebida pela maioria dos moradores, que chegaram a chorar enquanto falavam da condição de miséria em que estão vivendo — caso de Daniele de Paula que, após perder até o botijão de gás, panelas e talheres, sustenta os três filhos com alimentos que ganha de vizinhos —, a líder do movimento, que se identificou apenas como Olívia, chegou ao local e impediu a continuidade da reportagem com frases em tom de ameaça. “Onde o meu povo estiver, o Correio Popular não é bem-vindo”, disse. 

Não contente em impedir a continuação da apuração, a líder do movimento ameaçou a equipe. “Não é para publicar nenhuma matéria sobre nada ou ninguém daqui. Se alguma reportagem estiver no jornal amanhã (terça-feira), a gente vai se ver em outras oportunidades”, disse. As páginas do bloco de anotações sobre o que foi apurado foram arrancadas e a líder do movimento rasgou e determinou que colocassem fogo. 

Com orientação da equipe jurídica do Grupo RAC, e por entender que a liberdade de imprensa garantida aos jornalista foi desrespeitada, a equipe de reportagem procurou o 1º Distrito Policial (DP) para registrar o boletim de ocorrência (BO), de número 9803/2011, na tentativa de garantir o livre exercício da profissão em outras coberturas do caso.

Agência Anhanguera de Notícias

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