quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Após negociar com PM, MST aceita deixar fazenda invadida


Retirado de "O Globo"

Após negociar com a Polícia Militar, o Movimento dos Sem-Terra (MST) aceitou deixar, ainda na manhã desta quarta-feira (7), a Fazenda Santo Henrique, em Borebi, a 309 km de São Paulo, que foi invadida por 250 famílias em 28 de setembro.
A PM está no local desde 5h para cumprir o mandado de reintegração de posse de terra autorizado pela Justiça. Uma empresa do setor de sucos é proprietária do terreno.
Cerca de 85 homens da Polícia Militar estão em frente à fazenda. Como condição para sair do local, os manifestantes exigiram caminhões para levar os objetos dos invasores. Durante o período em que estiveram na fazenda, os sem-terra expulsaram colonos e usaram um trator para derrubar, segundo a polícia, cerca de 7 mil pés de laranja.
Na terça-feira (6), o juiz Mario Ramos dos Santos, da 2ª Vara Cível de Lençóis Paulista, determinou que a retirada fosse imediata. O caso iria ser encaminhado à Justiça Federal já que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) declarou interesse em participar do processo.
“Vamos sair. Mas nosso entendimento é que a terra é pública. O juiz que deu a liminar, no entanto, não compreende isso. Nosso processo está na Justiça Federal. A liminar será questionada, mas nós temos de sair daqui para que isso ocorra”, afirmou Paulo Albuquerque, da coordenação do MST.
O juiz da 2ª Vara de Lençóis Paulista entendeu que o assunto deveria prosseguir na esfera estadual. A multa pelo descumprimento da determinação é diária, de R$ 500 por pessoa.
“Os manifestantes disseram que vão sair pacificamente”, disse o tenente-coronel da PM Benedito Roberto Meira.
Expulsão
Funcionários da fazenda produtora de laranjas foram expulsos da propriedade. Imagens mostram o momento em que os trabalhadores eram retirados do local, invadido pelo grupo.
Indisponivel/Indisponivel Carros da PM vão para a fazenda invadida (Imagem/TV Globo) Os invasores afirmam que destruíram os pés de laranja para plantar feijão.
"Até 7 mil pés de laranja foram destruídos o que demonstra que não se trata tão somente de uma pequena área para plantar feijão e sim de uma área enorme para destruição efetivamente”, disse o coronel Benedito Meira.
Segundo o vice-presidente da Federação Paulista de Agricultura, outras culturas podem ser cultivadas com a laranja. “Não seria necessário derrubar os pés de laranja para plantar o tal feijão”, disse Maurício Lima Verde.
A Cutrale uma das maiores empresas de suco de laranja do mundo, se considera dona da área e plantou no local um milhão de pés da fruta. Em nota, a empresa informou que a fazenda é extremamente produtiva e gera centenas de empregos. Afirmou também que algumas famílias de funcionários, inclusive com crianças, foram expulsas de forma intimidatória pelos invasores - o que prejudica o acesso dos menores à escola.
A fazenda faz parte do núcleo colonial Moção de Iaras, criado há 100 anos. O Incra considera a ocupação irregular e disse, em nota, que aguarda uma decisão da Justiça para retomar a área e destiná-la à reforma agrária- como reivindica o MST.
Durante a noite de segunda-feira, a polícia apreendeu um caminhão em Iaras, a 285 km da capital paulista, com uniformes, peças e equipamentos de proteção que pertencem à empresa proprietária das plantações destruídas.
Duas pessoas foram detidas. Policiais investigam se houve participação dos invasores, que negam ligação com o caso.

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