quinta-feira, 17 de julho de 2014

'Vou à padaria com colete à prova de bala', diz PM ameaçado em Piracicaba

Militar pediu para não ser identificado e relatou medo de sofrer atentado.
Assassinato de policial em junho acirrou o clima de tensão no município.

 

A morte de um sargento em Piracicaba (SP) em atentado na porta de um restaurante em 14 de junho, desencadeou uma série de ameaças a PMs, o que acirrou clima de tensão entre policiais e criminosos no município. Um policial militar que pediu para não ser identificado afirmou que a preocupação com a possibilidade de novos ataques é tanta que ele chega a ir à padaria  usando colete à prova de bala. O PM também fez críticas ao comando da corporação diante da situação.

Sob a condição de anonimato, o policial afirmou que o medo de ataques faz com que ele só saia de casa com proteção e que já quase atirou em um amigo do próprio filho por suspeitar que era alguém tentando matá-lo. "Eu estava chegando em casa e vi um rapaz parado com o celular em frente à minha garagem. Saí do carro segurando a arma, mandando ele abaixar e dizendo que eu era policial. Depois vi que era o amigo do meu filho que estava no celular tentando acessar a internet", disse.

"Essas ameaças de morte já estão afetando a minha vida pessoal. Não consigo mais sair com minha família para tomar um sorvete sem me sentir inseguro. Até à padaria, que fica a dois quarteirões da minha casa, vou usando colete à prova de balas", disse o PM.

Sargento da PM leva 13 tiros em frente a Habib's em Piracicaba (Foto: Diego Spigolon/Arquivo pessoal)
Sargento da PM levou tiros no atentado em frente a
restaurante (Foto:Diego Spigolon/Arquivo pessoal)
Morte de sargento
O sargento Arnaldo Francisco de Brito, de 44 anos, foi baleado na noite do dia 14 de junho durante a folga e morreu no dia 22. Ele atuava na Força Tática e a Polícia Civil investiga se o atentado foi em represália à morte de um suspeito que trocou tiros com PMs no dia 12 de junho, no bairro Bosques do Lenheiro. O acusado de atirar no sargento morreu durante tiroteio com policiais em Brotas (SP) na sexta-feira (27).

Crítica ao comando
O PM que não quis ter o nome revelado na matéria disse que relatou as ameaças que recebeu ao comando da Polícia Militar, mas não teve qualquer tipo de auxílio. "Sempre dizem que o risco é inerente à profissão e que, se eu não estiver satisfeito, devo pedir baixa. Também nos orientaram a registrar boletim de ocorrência, mas não fiz. Eu sou policial militar relatando por documentos o problema ao meu comando. Por que tenho que ir à Polícia Civil relatar isso também?"

Marco Ferreira, presidente da APPMARESP, criticou comando da PM em Piracicaba (Foto: Alfredo Morgante/EPTV)
Marco Ferreira, presidente da APPMARESP, criticou
comando da PM (Foto: Alfredo Morgante/EPTV)
Ameaças e Rota
A Associação das Praças Policiais Militares da Ativa e Reformados do Estado de São Paulo (APPMARESP) estima que as promessas de novos ataques quintuplicaram desde o assassinato do sargento Brito.

O presidente da associação, Marco Ferreira, disse que a morte de Brito aumentou a sensação de medo entre os militares. "Se antes registrávamos cinco ou seis ameaças por mês, desde a morte do Brito isso aumentou para 30, 40 ligações", disse.

Para atenuar a insegurança entre os policiais, o comando em Piracicaba recebeu o reforço de equipes das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), grupo de elite da PM. "Muitos bairros da cidade são marginalizados pela polícia, quando somente 5% dos moradores são criminosos de fato. A corporação precisa se aproximar das comunidades e ganhar a confiança dos moradores, que sabem quem são os bandidos", disse Ferreira.

Resposta da PM
O major da Polícia Militar Rodrigo Arena afirmou nesta quarta-feira (16) que, após o assassinato de Brito, ocorreram casos de ameaças à PM e a ações da corporação. Ainda segundo ele, houve apenas um registro de promessa de ataque a um policial especificamente e dois suspeitos foram presos.

"Todos os casos são devidamente checados quanto à procedência e veracidade. Fazemos também um policiamento próximo à residência da pessoa ameaçada." Quanto à presença da Rota no município, o major Rodrigo Arena afirmou que o grupo ajuda a aumentar a sensação de segurança de uma forma geral na cidade.

Fonte: Do G1 Piracicaba e Região

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário.