Ele adora um prato de arroz e feijão, mas não gosta de tomar banho.
José Aguinelo segura o documento de identidade no asilo em Bauru (Foto: Alan Schneider/G1) |
“Ele interage
muito com o grupo apesar do jeito introspectivo. Com as pessoas que ele não
está acostumado é mais difícil tirar alguma coisa. Já com a gente ele conversa,
brinca e até conta piada”, disse. Com uma saúde considerada perfeita pelos
médicos, ele adora um prato com arroz e feijão e tem resistência na hora de
tomar banho. Além disso, consome em média um maço de cigarro todos os
dias.
Idoso de 126 anos gosta de
ficar sentado na
varanda da entidade (Foto: Alan Schneider/G1) |
A idade de Zé
Aguinelo foi estabelecida por um juiz da Comarca de Bauru após uma entrevista
detalhada. A cidade natal do idoso na certidão é Pedra Branca, no Ceará. O idoso contou que procurou o interior de
São Paulo para trabalhar e depois de algumas cidades conseguiu empresa em uma
fazenda de café da região de Iacanga (47 quilômetros de Bauru).
Para as pessoas
do asilo, Zé lembrou que nasceu em um quilombo de escravos. “Ele contou que
tinha uma irmã que batia muito nele e, ao todo, teve cinco irmãos. O local era
grande e não havia camas. Além disso, dormia todo mundo junto e que a mãe era
escrava. Mas que um dia ela acordou e não era mais escrava”.
Já quando
atingiu a fase adulta, Zé saiu do Ceará até chegar ao interior de São Paulo
para trabalhar na roça. Passou por algumas cidades antes de parar na região de Iacanga. Zé contou que trabalhou em
uma fazenda de café e chegou à instituição através dono da propriedade”,
informou a psicóloga.
Rotina tranquila
A rotina do homem que pode ser considerado o mais velho do planeta é praticamente igual todos os dias. Ele acorda às 6h30 para o café, que começa às 7h. Depois ele retorna para o quarto para aguardar o banho, que tem auxílio de cuidadores.
A rotina do homem que pode ser considerado o mais velho do planeta é praticamente igual todos os dias. Ele acorda às 6h30 para o café, que começa às 7h. Depois ele retorna para o quarto para aguardar o banho, que tem auxílio de cuidadores.
Arroz e feijão têm que ter no prato de José Aguinelo todos os dias (Foto: Alan Schneider/G1)
No almoço,
servido às 11h, Zé prefere bastante arroz e feijão, pouca carne e sem
folhagens. No dia da visita do G1, ele usou uma colher para comer
arroz, feijão, chuchu refogado e bife à milanesa. E resolveu falar um pouco,
mas bem baixo. “Está bom. Gosto mais do arroz e feijão”.
E depois de um
rápido cochilo, o idoso volta ao refeitório para um café às 14h. Três horas
mais tarde é servido o jantar. Em seguida, outro cochilo e, às 20h, uma ceia
com chá, café, bolacha ou pão, para finalmente dormir.
No entanto, uma
das coisas que Zé menos gosta é tomar banho. A psicóloga afirmou que às vezes é
impossível levá-lo ao chuveiro. “Não gosta e tem dia que ele empaca e dá
trabalho para sair do salão e ir tomar banho. E quando ele não quer, nem
fica no quarto. Tem que ficar insistindo. Às vezes, conseguimos dar banho nele
às três da tarde. Se ele fala que não é não”.
Zé Aguinelo chegou ao asilo
em 1973 (Foto: Alan Schneider/G1)
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'Saúde de ferro'
A saúde do idoso é considerada boa pela entidade. Zé caminha sozinho e enxerga
bem. “Temos um médico voluntário que vem a cada 15 dias. Exames de sangue são
feitos anualmente. Já foi realizado o exame no Zé e ele não tem nada. Não tem
colesterol, não tem diabetes, não é hipertenso. Os únicos medicamentos que o
idoso toma são uma vitamina e um comprimido para abrir o apetite, que acaba
perdendo com a idade”, enfatizou a psicóloga da Vila Vicentina.
Ele fica muito
pouco no quarto. Se não está na área sentado e fumando mais um cigarro, Zé pode
ser encontrado no refeitório ou no sofá do salão em frente a televisão ou
assistindo as atividades da equipe de Terapia Ocupacional. Sobre a questão de
cigarro não há diagnosticado nenhum problema com a saúde do cearense. O idoso
disse que não há segredo para atingir a idade. "Na verdade a vida vai
passando. São etapas. E se cheguei até aqui é porque vivi muita coisa".
Já nos momentos
sozinhos, ele é mais desinibido. “Quando ele fica um pouco sozinho começa a
cantar. Um pouco enrolado, mas um pouco dá para entender. Não digo que é uma
música que conhecemos. É uma moda da época que a gente conhece”, apontou Mariana.
Odilon é amigo de quarto de
Zé há 15 anos (Foto: Alan Schneider/G1)
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Um dos grandes
amigos dele é Odilon Camargo, de 73 anos, companheiro de quarto há 15 anos.
“Ele para mim é como meu avô. É uma boa pessoa e um grande amigo. A gente
conversa e trocamos cigarro também”, avisou.
A psicóloga
lembrou ainda que chegar aos 100 anos não é para qualquer um. “É uma grande
responsabilidade de toda equipe cuidar do Zé e de todos os outros 47 idosos. É
manter os cuidados e fazer com que ele tenha uma velhice digna. O trabalho da
psicologia dentro do asilo é com a saúde e com a qualidade de vida deles.
Esperamos que muitos outros cheguem nessa idade”, completou a psicóloga.
Certidão de José Aguinelo expedida em Bauru (Foto: Alan Schneider/G1) |
Documentação
O interesse da entidade pela documentação de Zé Aguinelo surgiu há mais de uma década. O documento de identidade foi registrado em 2001. “Começou-se a procurar essa documentação quando o processo para o acolhimento ficou mais burocrático. Então, já não podia ter mais idoso sem a documentação. Na época, os assistentes sociais e a diretoria começaram a vasculhar um pouco mais sobre a vida dele. Ele realizou uma entrevista com um juiz e pelo histórico foi registrada essa data. Não foi realizado nada específico, mas o juiz atestou essa data”, informou Mariana.
A direção do asilo pretende conseguir levar o caso mais adiante. Um teste de carbono 14 pode confirmar a época que Zé Aguinelo nasceu. No entanto, o exame custa mais de R$ 50 mil. “Um amigo nosso da entidade está tentando conseguir esse exame sem custo para a entidade”, informou o presidente da Vila Vicentina, José Roberto Pires.
O interesse da entidade pela documentação de Zé Aguinelo surgiu há mais de uma década. O documento de identidade foi registrado em 2001. “Começou-se a procurar essa documentação quando o processo para o acolhimento ficou mais burocrático. Então, já não podia ter mais idoso sem a documentação. Na época, os assistentes sociais e a diretoria começaram a vasculhar um pouco mais sobre a vida dele. Ele realizou uma entrevista com um juiz e pelo histórico foi registrada essa data. Não foi realizado nada específico, mas o juiz atestou essa data”, informou Mariana.
A direção do asilo pretende conseguir levar o caso mais adiante. Um teste de carbono 14 pode confirmar a época que Zé Aguinelo nasceu. No entanto, o exame custa mais de R$ 50 mil. “Um amigo nosso da entidade está tentando conseguir esse exame sem custo para a entidade”, informou o presidente da Vila Vicentina, José Roberto Pires.
Zé fuma em média um maço de cigarros por dia (Foto: Alan Schneider/G1) |
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