quinta-feira, 17 de julho de 2014

Reunião nas universidades paulistas sobre greve acaba sem proposta

Professores, funcionários e estudantes estão parados desde o fim de maio.
Em reunião nesta terça, demanda sobre reajuste salarial ficou fora da pauta.

Terminou em mais um impasse a reunião de negociação desta quarta-feira (16) entre o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp) e os sindicatos de professores e funcionarios das universidades de São Paulo (USP), Estadual de Campinas (Unicamp) e Estadual Paulista (Unesp). Assim como na reunião anterior, do dia 3 de julho, não houve avanço na negociação da principal demanda dos docentes e técnicos-administrativos: a discussão sobre o reajuste salarial.

A professora Marilza Vieira Cunha Rudge, reitora da Unesp e atual presidente do Cruesp, divulgou comunicado após a reunião afirmando que "foram discutidos, conforme anteriormente estabelecido, outros itens da pauta unificada, que não dissídio [o reajuste]". Os reitores defendem que essa discussão seja feita só nos meses de setembro e outubro.

Arrecadação na USP abaixo do esperado
Na segunda-feira (14), o reitor da USP, Marco Antonio Zago, divulgou um informe no qual diz que a arrecadação do ICMS foi menor do que a esperada no primeiro semestre do ano –o argumento dos reitores para o reajuste zero é que a folha de pagamento compromete o orçamento e, sem um aumento na arrecadação, é impossível manter os gastos atuais. Segundo a nota da instituição, o crescimento da arrecadação no segundo semestre precisa ser de 13,8% para que o orçamento da USP para 2014 alcance o volume esperado (de R$ 4,6 bilhões). Mas, de acordo com o reitor, no primeiro semestre a arrecadação cresceu 5,3% em relação ao mesmo período de 2013. A expectativa, segundo ele, é que esse montante chegasse a mais de 9%.

Na terça-feira (15), na assembleia geral permanente da Associação dos Docentes da USP (Adusp), os professores decidiram manter a paralisação. Segundo a assessoria de imprensa da Adusp, a manutenção da greve foi defendida pela ampla maioria, com quatro abstenções e um voto pelo fim do protesto.

Os docentes tentam pressionar a negociação do reajuste retendo as notas dos alunos no primeiro semestre. A Adusp afirma que em cinco unidades a maioria das notas ainda não foram lançadas no sistema da USP: Instituto de Matemática e Estatística (IME), na Escola Superior Luis de Queirós (Esalq), na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), no Instituto de Psicologia (IP) e na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).

Na Unicamp, a greve foi parar na Justiça: uma liminar concedida à reitoria e contra o Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU) proibiu os grevistas de bloquearem salas e departamentos do Hospital de Clínicas da Unicamp. A entidade já entrou com recurso.

Na Unesp, professores e funcionários seguem mobilizados. No campus de Presidente Prudente, a última assembleia, do dia 11 de julho, terminou com decisão favorável à manutenção da greve.

Entenda a greve nas universidades paulistas
As greves começaram após o Cruesp decidir, em 21 de maio, pelo reajuste zero nos salários de professores e funcionários das três universidades paulistas. O Cruesp afirmou, na ocasião, que o congelamento foi necessário por conta dos níveis de comprometimento do orçamento com a folha de pagamento. A proposta de discutir esse reajuste só em setembro é rejeitada pelas categorias, que também pedem uma maior transparência no controle dos gastos das três instituições paulistas.

Segundo a Associação de Docentes da USP (Adusp), um dos problemas que afeta o orçamento das universidades paulistas é a interpretação desse artigo, que fala sobre as unidades orçamentárias da administração. As universidades devem receber, por lei, 9,57% da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do estado de São Paulo. Em artigo publicado no fim de junho, a Adusp diz que o governo calcula esse valor a partir de uma base total menor, o que acarreta em uma redução do montante destinado às três instituições.

Fonte: Do G1, em São Paulo

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