quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Justiça manda prender 6 do MST por invasão

O Estado de São Paulo
José Maria Tomazela, SOROCABA

Tribunal de Justiça do Pará decretou ontem a prisão preventiva de seis integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) acusados do ataque ao retiro Ceita Corê, da Fazenda Espírito Santo, anteontem, em Xinguara. A propriedade, do grupo Santa Bárbara, ligado ao banqueiro Daniel Dantas, foi invadida por 70 militantes que, com o uso de armas de fogo, expulsaram os funcionários e saquearam as casas.
Com a decisão, passam a ser procurados Edimilson dos Santos Gomes, conhecido como Boca Cheia, Baltazar Luis de Souza, Jorseley Alves da Silva, Lourival Santos Ferreira, Moisés Lima Silva e Antônio Luiz de Souza. De acordo com o despacho, Gomes, que é coordenador do acampamento Alto Bonito, era o líder do grupo invasor e portava na ocasião do fato uma arma. O TJ considerou haver indícios de serem os acusados os autores dos crimes ocorridos na fazenda.
O despacho faz referência aos "diversos conflitos que vêm ocorrendo na mesma, sendo necessária a intervenção do Poder Judiciário como forma de evitar que os vestígios dos crimes perpetrados sejam eliminados, bem como pacificar os ânimos no local".
O grupo é acusado de ter destruído seis casas de empregados da fazenda. A ação ocorreu apesar da presença da tropa de choque da Polícia Militar na região, informou a agropecuária Santa Bárbara.
Na semana passada, o MST já havia destruído casas e benfeitorias da Fazenda Maria Bonita, também da Santa Bárbara, em Eldorado dos Carajás. A depredação levou a Justiça a decretar a prisão preventiva do coordenador estadual do movimento, Charles Trocate, que está foragido.
De acordo com a empresa, a investida contra a Fazenda Espírito Santo compromete o rebanho de 20 mil vacas prenhas, num período em que nascem 200 bezerros por dia. Advogados da Comissão Pastoral da Terra que acompanham os protestos do MST contra a ação de pistoleiros armados na região negaram o novo ataque.
O advogado José Batista Gonçalves Afonso, da CPT de Marabá, acusou a Polícia Civil e a PM de terem agido com truculência contra os sem-terra que estavam à beira da rodovia PA-50, em Eldorado dos Carajás, na sexta-feira. Segundo ele, o delegado-geral Raimundo Benassuly e o coronel da PM Augusto Leitão chegaram à frente de 70 homens e sacaram armas para reprimir os sem-terra que portavam apenas pedaços de paus e facões. Três militantes foram presos.
O assessor de imprensa da Secretaria de Segurança Pública do Pará, Emanuel Vilaça, negou a violência e disse que a ação para desobstruir a rodovia foi filmada.
Ele acusou os líderes do MST de terem fugido e deixado apenas crianças no local. "O que eles estão fazendo é inadmissível, usando crianças que deveriam estar na escola. Isso é rasgar o Estatuto da Criança e do Adolescente."
Em nota, o MST repudiou a criminalização do movimento e afirmou que de janeiro a outubro deste ano, seguranças e pistoleiros das fazendas do banqueiro já assassinaram um trabalhador sem-terra e balearam gravemente outros 17, sem que tenham sido punidos pelos crimes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário.