quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Ação violenta da PM revolta moradores do São Bernardo

Rapaz baforou fumaça no rosto de policial: dois presos por desacato e protesto no 2ºDP

Confusão terminou na delegacia: moradores reclamam do excesso de violência dos PMs
(Foto: Dominique Torquato / AAN)
Um tumulto entre 50 moradores do bairro São Bernardo e policiais militares durante uma abordagem a motociclistas terminou na delegacia, na tarde desta terça-feira (27), em Campinas.

Duas pessoas foram detidas acusadas de desobediência, desacato e resistência à prisão. Ao todo cinco viaturas da Polícia Militar (PM) com 10 policiais e o helicóptero Águia da PM foram ao local para conter os moradores revoltados com a abordagem.

A população acusa os PMs de abuso do poder. Eles invadiram duas casas e teriam agredido quatro pessoas sem motivo algum. Indignados, os moradores foram até o 2º Distrito Policial - onde os acusados foram encaminhados - para protestar contra a atitude dos policiais. Os moradores também iriam fazer boletim de ocorrência acusando os policiais de abuso de poder.

A confusão aconteceu no começo da tarde na Rua Campos do Jordão. Um grupo de 14 jovens conversava em uma esquina quando uma viatura policial parou e pediu os documentos de quatro motos e um carro. Três motos estavam com problemas e acabaram recolhidas.

Ainda durante a abordagem, um rapaz que fumava um cigarro soltou fumaça no rosto de um dos policiais e correu para dentro de uma casa no mesmo local. Os policiais foram atrás e invadiram a residência. O proprietário do imóvel, Arquimedes Aparecido da Silva, quis entender o que estava acontecendo e acabou empurrado pelos PMs. 'Eles ainda me deram murro e falaram para que ficasse quieto. Eles também deram um tapa no rosto do meu filho, que não tinha nada com a história', afirmou o morador.

De acordo com a estudante Flávia Fernanda de Azevedo também moradora da rua, seu cunhado, o estudante de contabilidade Evandro Carlos, ao ver os policiais arrastando pela rua o rapaz que soltou fumaça no rosto do PM, ele tentou intervir. 'Disse que era abuso bater no rapaz daquela forma. Que eles não podiam bater nele. Mas ele acabou apanhando também e foi preso sem motivo nenhum. Isso é um absurdo, ele não fez nada. Ele é trabalhador. Tentou ajudar uma pessoa e acabou sofrendo violência desmedida', disse ela.

Durante a confusão o instrutor de auto-escola Rodrigo da Silva, de 29 anos, afirmou ter recebido dois murros na boca de um dos PMs. 'Estava com meu aluno no carro ao ver a confusão, me aproximei com o celular na mão. Um dos policiais falou que não era para eu filmar e me deu socos. Estava trabalhando e fui agredido sem motivo algum. Eles abusaram muito do poder. Nunca imaginei uma coisa dessas aqui', disse ele. O rapaz também iria fazer um boletim de ocorrência acusando os policiais que o agrediram.

O sargento do 35º Batalhão da PM responsável pelo patrulhamento da área, Sérgio Oliveira, assumiu a necessidade de usar força bruta durante a abordagem. 'Após desrespeitar a autoridade policial, ele fugiu. Entraram na casa para recolher o indivíduo. E foi necessária usar de força maior para conter o rapaz. O segundo preso, também desacatou a autoridade', disse. O sargento ainda afirmou que não houve abusos por parte dos policiais. 'Se eles estão acusando os policiais, que denunciem para ter uma investigação.'

Luciana Félix DA AGÊNCIA ANHANGUERA

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