quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Gaeco denuncia policiais por extorsão e sequestro

Delegado da DIG Paulo Henrique Correia Alves é um dos denunciados por sequestro de mulher

Delegacia de Investigações Gerais, onde os policiais
mantiveram mulher sequestrada em cativeiro: 
câmeras registraram movimentação
(Foto: Rogério Capela/16mai2011/AAN)
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) denunciou o delegado da Delegacia de Investigações Gerais de Campinas (DIG), Paulo Henrique Correia Alves, o investigador Hélio Pavan Filho, o agente policial Sérgio Carrara e o carcereiro Fábio Nunes Arruda Campos por extorsão mediante sequestro.

Segundo informações do Ministério Público (MP), os policiais teriam sequestrado uma mulher — que atualmente é testemunha protegida e não pode ter seu nome revelado — e exigido um resgate de R$ 100 mil. Com exceção do delegado, todos os outros policiais estão presos. Este é o quarto caso de extorsão mediante sequestro envolvendo policiais campineiros nos últimos quatro anos.

De acordo com a denúncia do MP, em agosto deste ano, os policiais invadiram a casa onde morava uma mulher e o advogado Samoel Alves da Silva, no Jardim Itatiaia, sem mandado judicial, e exigiram a quantia em dinheiro, sob a justificativa de que o imóvel era utilizado como um laboratório de refino de drogas, em troca do arquivamento de uma suposta investigação e prisão das vítimas.

A mulher e o advogado trabalhavam para o traficante José Agripino Pires, responsável pela distribuição de drogas em vários pontos de Campinas. Como no local não havia dinheiro, diz o MP, os policiais decidiram sequestrar a mulher e a levaram para a DIG, onde ficou em cativeiro. O advogado também foi levado para a delegacia para que participasse das negociações e do contato que seria feito com um traficante que utilizava o imóvel onde a dupla foi encontrada.

Segundo informações da denúncia oferecida à Justiça, os policiais conseguiram contato com o traficante, que se recusou a pagar o valor total sob a alegação de que os trabalhos da Ronda Ostensiva Tobias Aguiar (Rota) em Campinas tinham prejudicado os negócios na cidade.

“Os policiais aceitaram receber R$ 60 mil naquele dia e mais R$ 20 mil no mês seguinte. No final do dia, os denunciados foram retirados do cativeiro e levados até a casa onde o resgate foi pago pelo traficante. No entanto, o traficante desconfiou que o advogado havia denunciado o esquema à polícia e levou a vítima para Espírito Santo do Pinhal, onde disparou vários tiros contra o homem. Dado como morto, o advogado foi abandonado no local. No entanto, ele sobreviveu. Logo após Samoel ser socorrido, a Corregedoria da Polícia Civil foi imediatamente acionada e, assim que liberado pelos médicos responsáveis, o advogado prestou declarações às autoridades policiais corregedoras, ocasião em que relatou toda a empreitada criminosa”, descrevem os promotores. 

Gravações
Durante o período em que ficou com o policial, a mulher foi obrigada a tentar contato com os traficantes em telefones públicos nos arredores da DIG. Toda a movimentação foi gravada por 19 câmeras de segurança que estão instaladas na delegacia. A Corregedoria da Polícia Civil em Campinas apreendeu vídeos cujas imagens mostram os policiais entrando com a mulher sequestrada na delegacia, saindo com ela por várias vezes do prédio, até a sua libertação, após o pagamento do valor do resgate. Também existem imagens onde o traficante cumprimenta os policiais.

Apesar do Ministério Público ter oferecido denúncia contra os policiais, as investigações vão continuar por existir indícios de que outros integrantes da Polícia Civil possam estar diretamente relacionados ao crime. Todos os policiais negaram participação no sequestro. O delegado da DIG, Paulo Henrique Correia Alves, foi procurado pela reportagem, mas não foi localizado.

Milene Moreto DA AGÊNCIA ANHANGUERA

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