terça-feira, 12 de abril de 2011

MST chega a 36 fazendas ocupadas em abril

Subiu para 36 o número de fazendas invadidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nas regiões do Pontal do Paranapanema, Alta Paulista e Araçatuba, no oeste do Estado de São Paulo, desde a madrugada de ontem. Pelo menos seis áreas foram invadidas na manhã deste domingo (10). As ações fazem parte do "abril vermelho", a jornada de lutas do movimento.

Os militantes, liderados pelo dissidente José Rainha Júnior, reivindicam a retomada da reforma agrária na região, com a criação de assentamentos para seis mil famílias que estão em acampamentos. Querem ainda que o governo estadual apresse a obtenção da posse de uma área de 92,6 mil hectares considerada devoluta pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), no Pontal.

As terras de duas usinas de açúcar e álcool do grupo Odebrecht instaladas em parte dessa área, converteram-se no principal alvo do movimento. Seis fazendas do grupo - Copacabana, Galpão de Zinco, Timburi, Lago Azul, São José e Pontal Agropecuária - foram invadidas em Teodoro Sampaio.

De acordo com Rainha, para instalar uma das usinas, o grupo investiu em terras que o governo estadual considera como devolutas. "Parte do investimento foi financiada pelo governo federal através do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)", disse. Rainha divulgou uma relação das áreas invadidas em 19 municípios dessas regiões. Em Dracena, foram ocupadas as fazendas Turmalina, Santo Antonio, Vista Alegre e Cobras.

Rainha afirmou que as ocupações vão continuar até o dia 17, data em que 19 sem-terra foram mortos pela Polícia Militar (PM) em Eldorado dos Carajás, no sul do Pará, em 1996. O "massacre de Eldorado dos Carajás" foi adotado como símbolo da luta pela terra no País. Segundo ele, representantes do seu grupo terão uma reunião com a Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) no dia 14 para discutir a situação a questão agrária na região. Em janeiro, os sem-terra liderados por Rainha Júnior já haviam invadido 23 propriedades na região, na ação que ele denominou "janeiro quente".

Deboche

O presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia, disse hoje que as invasões são um "deboche" à lei. Segundo ele, Rainha Júnior é um dos poucos brasileiros que possuem o que chamou alvará de impunidade. "Ele já foi condenado tem dezenas de processos, anuncia previamente seus crimes de invasão e não vai preso."

Nabhan disse que o julgamento das terras devolutas do Pontal não é definitivo. "Há recursos pendentes que podem modificar a decisão do STJ." Ele atribuiu ao governo estadual a responsabilidade pela situação de conflito no Pontal. "É o Estado que está dizendo que somos grileiros. O proprietário rural que produz há 100 anos aqui corre o risco de ter de entregar a terra para esses invasores", disse

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