Decisão de reforçar jornada de invasões é inusitada, pois movimento costuma amenizar ações em anos eleitorais para ajudar petistas
Roldão Arruda
O Movimento dos Sem-Terra (MST) já começou as articulações para a jornada de ações que costuma desenvolver no mês de abril, o chamado "abril vermelho". A meta é superar os números da jornada do ano passado, quando foram registradas 29 invasões de terra - um número pequeno, em comparação com anos anteriores. Em 2004, quando o MST pôs em andamento a ofensiva de abril, foram registradas 103 invasões. Em 2007 foram 74.
A decisão de reforçar a jornada deste ano é inusitada. Tradicionalmente o MST pisa no freio em anos eleitorais. Acredita-se que faz isso para não prejudicar os candidatos petistas simpáticos à causa da reforma agrária e à militância dos sem-terra. Em 2002, quando as chances de Luiz Inácio Lula da Silva chegar à Presidência se tornaram palpáveis, o MST praticamente hibernou, realizando poucas ações durante todo o ano. Em 2006, ano de reeleição de Lula, puxou-se o freio de mão novamente.
Por qual motivo então o MST iria intensificar as ações em 2009, às vésperas de uma eleição das mais delicadas, quando Lula tentará eleger sua sucessora? Fala-se em três motivos. O primeiro seria manifestar descontentamento com os rumos da reforma agrária no governo Lula, que teria ficado aquém das expectativas do MST, e ampliar o cacife dos sem-terra nas negociações com o PT. O segundo seria reagir à chamada criminalização dos movimentos sociais que estaria em curso no País.
De acordo com líderes do MST, esse é o principal problema enfrentado hoje pelos sem-terra e outros movimentos existentes no País. Dias atrás, ao participar,
Exemplos. Ele citou como exemplos dessa rearticulação a instalação da CPI do MST no Congresso; as denúncias do Tribunal de Contas União (TCU) sobre irregularidades no repasse de verbas públicas para entidades ligadas aos sem-terra; os pronunciamentos do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, criticando as invasões de terra; a ação das Polícias Militares nos Estados, e, por fim, a mídia.
"Estamos enfrentando muitos problemas de repressão física real
Stédile também observou que os problemas dos movimentos sociais com o Judiciário aumentaram após a ascensão de Gilmar Mendes à presidência do STF, dois anos atrás. "Ele se transformou no porta-voz da direita brasileira e usou o STF como se fosse uma bancada de vereadores do interior", afirmou. "Usou o cargo na cruzada ideológica contra os movimento sociais."
É nesse cenário que o MST se articula para uma jornada mais ofensiva
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