segunda-feira, 16 de novembro de 2009

‘MST mudou o seu foco’, diz professor da Unesp - Pesquisa da universidade mostra crescimento de 88% nas ocupações

Alexandre Moreno
Agência BOM DIA

O Estado de São Paulo registrou um aumento de 88% nas ocupações de terra no primeiro semestre de 2009, em comparação com o mesmo período do ano passado.O levantamento foi feito pelo Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos da Reforma Agrária da Unesp.O professor Bernardo Mançano Fernandes, um dos coordenadores do projeto, afirma que ainda não é possível explicar o aumento. “Como número estatístico, esses 88% saltam aos olhos. Mas é preciso terminar o ano para ter um levantamento estatístico que mostre se houve ou não um aumento real”, disse Bernardo ao BOM DIA.O levantamento, feito com base em reportagens de jornais sobre as ocupações, mostra um novo foco nas ações do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra.“Os conflitos com os latifúndios diminuíram e aumentaram os conflitos com o agronegócio. São dois modelos distintos: a monocultora [praticada pela agronegócio] e a policultura [bandeira do MST]”, explica.Um exemplo sobre o novo conflito de terra é a ocupação da fazenda da Cutrale, em Borebi, região de Bauru, no mês passado.A cena de um trator dirigido por integrantes do movimento derrubando pés de laranja ganhou repercussão nacional. No lugar da fruta, o MST pretendia plantar feijão.“Chega até ser uma forma de provocação [plantar feijão]. Mas, muitas vezes, o que o movimento consegue é plantar uma horta no assentamento”, explica.As ocupações continuam concentradas no Pontal do Paranapanema, região de Presidente Prudente, interior paulista. O BOM DIA tentou contato com uma das lideranças do MST no Interior, do Estado, mas não recebeu o retorno da ligação até o fechamento da edição.Polícia paulista aprende a negociarApesar do aumento no número de ocupações do MST, os confrontos entre integrantes do movimento e policiais diminuíram.“A polícia de São Paulo já sabe como tratar essas negociações, o que diminui as lutas. A grande questão para o MST não é mais a polícia, e sim a Justiça”, comenta o professor Bernardo Mançano, da Unesp de Presidente Prudente.Para o professor, o Judiciário não conhece o problema porque mantém um distanciamento em relação ao tema. “A Justiça manda o despejo [reintegração de posse] e pronto”, critica.Bernardo aponta para outra mudança na questão dos conflitos: “O proprietário praticamente não se envolve mais. Ele aciona a Justiça”, observa. O levantamento completo de Bernardo será publicado na internet até o fim do ano.

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