segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Drogas: declaração de Cabral sobre legalização repercute

JB On Line
Sthephani Dantas, Jornal do Brasil

RIO E BRASÍLIA - A legalização das drogas ainda é um assunto espinhoso no Rio. Depois de o governador Sérgio Cabral declarar, em entrevista ao Jornal do Brasil, que a legislação das drogas tem que ser discutida em âmbito internacional (em organizações como a ONU e a OMS, por exemplo), e afirmar que a “proibição pela proibição” resulta em número de mortes muito maior do que se houvesse uma “legislação mais inteligente e voltada para vida”, políticos e especialistas aqueceram o debate.
Na Assembleia Legislativa do Rio, o assunto é tratado com cautela. O deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB), concorda que a discussão deve ser feita, e em todos os níveis:
– O narcotráfico é internacional. Por outro lado, a lavagem de dinheiro nacional também deve ser combatida. O Rio é polo de consumo e de exportação de drogas.
Já para o deputado estadual Jorge Babu (PT), ex-policial, não deveria haver debate:
– Sou totalmente contra a legalização. Deveríamos discutir segurança pública.

Sociedade civil dividida
Renato Cinco, sociólogo e um dos organizadores da Marcha da Maconha, não considera o aval das organizações internacionais necessário, embora admire o fato de Sérgio Cabral reacender o debate.
– Vários países avançaram antes da ONU, como Holanda, Portugal e Argentina. Por que o Brasil não pode fazer o mesmo? – defende Cinco, que já foi preso por apologia.
Para Luiz Fernando Prôa, pai de Bruno Prôa, usuário de crack que estrangulou a namorada de 18 anos após uma discussão, a legalização é necessária:
– Temos que tirar os dependentes químicos das mãos dos traficantes e colocá-los nas do governo e da sociedade.
Maria Tereza de Aquino, diretora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas (NEPAD), da UERJ, considera impossível aplicar aqui o que a Holanda instituiu.
– Lá, o mínimo de THC na maconha vendida legalmente é de 12%. Se isso fosse aprovado aqui, os usuários procurariam pela droga com maior teor e iriam encontrá-la no tráfico – acredita ela, que defende ainda que a legalização obstruiria ainda mais o sistema público de saúde – Legalizar aumentaria o número de usuários ou pelo menos a frequência da utilização, seria mais um problema para o SUS.

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