segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Policiais boicotam trabalho da imprensa em Campinas

Alguns policiais civis da cidade têm dificultado o acesso da imprensa aos boletins de ocorrências (B.O)

Alguns policiais civis de Campinas têm dificultado o acesso da imprensa aos boletins de ocorrências (B.O.). Eles se recusam a mostrar os registros, alegando que o delegado corregedor da Polícia Civil, Roveraldo Battaglini, determinou que as informações não fossem mais disponibilizadas para os jornalistas, sob pena de serem processados. A prática é praxe entre os veículos de comunicação que se valem dos documentos para obter informações de interesse público.
Neste domingo (20/02), a reportagem da Rede Anhanguera de Comunicação (RAC) teve dificuldade para consultar os boletins do 1º e 9º Distrito Policial (DP), sendo que neste último, os agentes não disponibilizaram os boletins obedecendo a determinação do delegado titular, Cássio Vita Biazolli.
No sábado, uma investigadora do 4º DP, mesmo com a autorização do delegado plantonista, Rui Pezolo, se recusou a entregar os BOs à jornalista, dizendo que não queria ser processada mais uma vez, em alusão às investigações sobre o vazamento de informações de um B.O, lavrado em julho do ano passado. O documento trazia informações sobre uma investigação de desvio de medicamentos e o possível envolvimento da mulher de Battaglini.
Na época, o boletim de ocorrência foi filmado por uma emissora de TV paulista e as imagens, com o nome da mulher dele, foram ao ar. Depois do episódio, Bataglini entrou com uma representação junto a Corregedoria de São Paulo, contra pelo menos 46 policiais civis - inclusive delegados - por violação de sigilo funcional. O processo também foi encaminhado para a 2ª Vara Criminal de Campinas.
Entre os dias 8, 9 e 11 deste mês, 16 policiais de Campinas tiveram que se explicar à corregedoria sobre a razão de terem acessado o boletim de ocorrência. 'Eu vi a reportagem na imprensa e não acreditei. Então consultei o BO, imprimi, li e depois rasguei e joguei fora' , contou um investigador que pediu para não ser identificado.

Em outros plantões, apesar da liberação dos boletins, os agentes da polícia civil fizeram questão de frisar sobre a medida do delegado corregedor. A reportagem entrou em contato com pelo menos 4 delegados de Campinas e um de São Paulo, mas eles não quiseram comentar sobre a decisão de Bataglini.

Na representação de Bataglini, segundo agentes civis, ele teria alegado que a divulgação do nome da esposa dele pela imprensa manchou o nome de sua família. A justificativa seria de que os boletins de ocorrência não são públicos e não podem ser acessados pela imprensa.

De acordo com o delegado seccional de Campinas, José Carneiro Rolim Neto, não há nenhuma determinação oficial sobre a proibição do acesso aos boletins de ocorrência pela imprensa, mas, que ele, como responsável pelas delegacias da cidade, também não incentiva a prática. Já que para ele, os B.Os não são documentos públicos.
'Não vou determinar que mostrem, nem vou impedir. Fica a cargo de cada delegado, que depois deverá assumir as consequências' , afirmou. Ele também reconheceu que esta é uma prática comum e que as informações são necessárias para a composição das notícias jornalísticas. 'Os delegados deveriam instruir os escrivãos a redigir um resumo dos fatos para a imprensa' , disse.

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